Um Olhar Sobre Concepção de Letramento
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA –
UNEB
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS - CAMPUS XIV
MESTRADO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE - MPED
CUNHA, Úrsula
Nascimento de Sousa. Um Olhar Sobre Concepção de Letramento. In: Letramento escolar e cotidiano: análise
de experiências sobre práticas de letramento à luz da crítica cultural.
Jundiaí: Paco editorial, 2014. P. 37-60.
Sidmar da Silva Oliveira[1]
RESUMO
Um Olhar
Sobre Concepção de Letramento é o 2º capítulo da obra, Letramento escolar e cotidiano: análise de
experiências sobre práticas de letramento à luz da crítica cultural,
escrita por Úrsula Cunha, cujo propósito é o estudar o trabalho da escola
no
processo de letramento dos estudantes. Trata-se de uma pesquisa de abordagem
qualitativa que adota a etnografia educacional como metodologia, realizada em
uma escola periférica da cidade de Feira de Santana-BA. A autora recorre a
Kleiman (2005; 2008), Rojo (2009), Buzato (2010) e outros pesquisadores, para discutir
a concepção de letramento trabalhado na escola. Cunha destaca que é papel da
escola não somente ensinar a leitura e a escrita para que os indivíduos articulem
melhor a fala, mas realizar práticas de leitura e escrita que tenham função
social. Para ela, há dois enfoques de letramentos – autônomo e ideológico: o enfoque
autônomo é prevalente na sociedade, com supremacia na escrita e oralidade, pressupõe
que o uso da prática social da escrita escolar está associado ao progresso, à
civilização, à ascensão social; já o modelo ideológico de letramento não vê as
práticas de leitura e escrita como mecanismo para adaptação social, mas como
práticas associadas ao contexto sociocultural, que podem fazer o resgate
identitário e cultural, dando vozes e empoderamento as culturas que são
silenciadas pela escola e por outras instituições, considerando o indivíduo
como ator social. Com efeito, a presunção de que somente o sujeito que estudou
consegue compreender informações veiculadas nos diversos meios sociais e a
concepção de que as pessoas que não dominam o código escrito são incapazes de
raciocinar logicamente e/ou resolver situações problemas do cotidiano, e a prática
escolar de produção de textos desvinculados da realidade dos estudantes, com
ênfase no domínio ortográfico e gramatical, com vistas a atender programas ou
projetos que pouco se relacionam com o contexto sociocultural dos alunos é uma
prova de que o letramento autônomo é predominante na instituição escolar. Em
razão de o letramento ser precedente a alfabetização, a oralidade precisa ser
levada em consideração no ambiente escolar, ao passo que as propostas de
letramentos emancipatórios não podem supervalorizar a escrita e menosprezar as
outras formas de linguagens. A pesquisa aponta que os eventos de letramentos
vivenciados pela comunidade pesquisada são diminuídos pela escola e pelos
próprios moradores: pela escola quando as práticas de letramento escolar não se
relacionam com as práticas letradas de outras instituições e/ou com o contexto
sociocultural dos diversos alunos; e, pelos moradores quando estes consideram
as práticas escolares como superiores a suas culturas letradas cotidianas.
Palavras-chave: Letramento. Cultura letrada. Letramento
escolar.
[1] Mestrando do Programa de
Mestrado Profissional em Educação e Diversidade (MPED), pela Universidade do
Estado da Bahia (UNEB). E-mail: sydy.oliveira10@gmail.com
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