LETRAMENTO E LETRAMENTOS: UMA PERSPECTIVA SÓCIO CULTURAL DOS USOS DA ESCRITA
Geisa Araújo Dias*
Márcia Regina Terra**
TERRA, Márcia Regina. Letramento &
letramentos: uma perspectiva sócio-cultural dos usos da escrita. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-44502013000100002
Palavras chaves: letramentos/letramento; escrita; Novos Estudos do Letramento
O texto traz resultados das
investigações sobre letramento(s) a partir das contribuições dos Novos Estudos do Letramento apresentando sua
definição (embora não haja consenso) e relevância na sociedade atual. A autora postula que tal Letramento
é tido como complexo e heterogêneo e têm despertado interesse de pesquisadores
para o estudo de suas implicações considerando sua constituição plural e
diversa que transcende
“as letras” do espaço escolar. Ao perpassar por diferentes pressupostos teóricos, apresenta
entre outros, o conceitos do binômio modelos autônomo e ideológico de letramento
e seus componentes denominados eventos e práticas
de letramento. Na esteira desses estudos, uma questão fica clara: o
conceito de Letramento está ligado à inserção do sujeito em várias esferas de
atividades humanas realizadas dentro e fora do contexto escolar. Necessária á
compreensão da evolução do conceito, é mister considerar a ênfase dominante de outrora dada ao termo posto no
singular, neutro e neoliberal que ganha novos significados ao se despir de
rótulos que depreciam os diversos Letramentos não escolares, as generalizações
e os velhos paradigmas a ele relacionados. Segundo a autora, Street (2003) apregoa uma nova visão dada ao
letramento deslocando o foco
dado à aquisição de habilidades
pautadas no “modelo
autônomo”; para o “modelo ideológico” que corrobora para o resgate da
autoestima e empoderamento do sujeito a partir de sua cultura local contemplando
letramentos múltiplos. No
cerne desta questão, encontra-se imbricado a teoria da “grande divisão” entre oralidade e escrita, reafirmando a supremacia da escrita em detrimento do oral.
A partir de 80, as pesquisas interculturais de cunho etnográfico afastam essa dicotomia
consoante ao modelo autônomo e reconhece os
contextos de produção e sua relação
de interdependência. Hoje, com as novas mídias e tecnologias, os textos
em suas diversas modalidades oral e escrita de linguagem se integram e dialogam. Assim,
distanciado do conceito engessado busca-se construir outro que varia segundo as condições sociais do
momento histórico. Os modos de pesquisas
atuais impõem a necessidade de pensar o letramento
como prática sócio-cultural, que considere os eventos
e práticas de letramento. Outra questão que merece destaque é a distinção dos
fenômenos Letramento e Escolaridade.
A escolarização designa uma prática formal
de ensino posta como um dos
letramentos. Letramento implica a multiplicidade de práticas da escrita
valorizadas ou não. Depreende-se então que, se há diferentes tecnologias de
escrita há pluralidade de letramentos
cujos modos de funcionamento moldam
as formas pelas quais os sujeitos que nelas se engajam e constroem relações de identidade e de poder (Kleiman, 1985). Outrossim, as pesquisas
desenvolvidas nesse âmbito, focalizando as práticas e eventos
têm conseguido iluminar
aspectos sobre o que as pessoas fazem
com o letramento. Sua constituição
está ligada à inserção do sujeito em determinadas esferas
da atividade que compõe
seu repertório individual e depende das
oportunidades a que tem
acesso. Para lidar com as estruturas de poder dessa sociedade
atual grafocêntrica, tecnológica e burocrática que emerge a necessidade de
potencializar os cidadãos, os Novos Estudos podem direcionar para uma visão de
letramento(S) capaz de lidar com novos discursos e formas linguísticas que os
prepare para ressignificar seu contexto e que, supere a distância entre o
ambiente escolar e prática social.
____________________________
* Aluna
especial do Programa Mestrado Profissional em Educação e Diversidade –
MPED, UNEB - Campus XIV.
**Doutora
- UNICAMP
Comentários
Postar um comentário