Professores e Agentes de Letramentos: Identidade e Posicionamento Social.

Rosenéa Pereira
nea.rosa@hotmail.com


O papel do professor alfabetizador é o profissional que atua no contexto de um projeto pedagógico, um programa curricular, uma área de conhecimento e um ciclo específico do nível fundamental de ensino, contudo muitas vezes contrasta as noções de alfabetizador e agente de letramento apontando para modos distintos de construção das identidades relacionadas situadas. O professor alfabetizador vem sendo massificado pelos resultados insatisfatórios apontados nas avaliações realizadas pelo governo como também na árdua tarefa de ensinar a ler e escrever na escola pública, com esse contexto suas capacidades de leitura e escrita também são questionadas devido ao fracasso nos resultados das avaliações de âmbito nacional e internacional.
 Diante do exposto o projeto de pesquisa do Grupo Letramento do Professor objetiva entender o impacto do letramento nas identidades profissionais destes profissionais.
O artigo discorre sobre dois modos de aquisição de letramentos distintos o que resulta em modos diferentes de identidades profissionais, o professor e o de agente de letramento. O letramento do sujeito acontece de forma diversificada, tanto na escola como também em movimentos sociais em que o sujeito esteja vinculado, contudo sabemos que a trajetória acadêmico-escolar tenha influencia direta em seu posicionamento os movimentos de base social e politicas são fortalecidos e contribuem para seu reposicionamento social.
 Podemos considerar que a formação continuada e os reposicionamentos sociais contribuem para uma nova identidade profissional envolvendo diversas situações e suas práticas discursivas, esse movimento envolve questões indenitárias que perpassam pela aquisição e uso da leitura e escrita, a valorização das práticas locais que ocasionam transformações que coadunam com as práticas de letramento, contudo desde a década de 1990, medidas vem sendo tomadas para melhoria no sistema de educação que permeiam o cotidiano do professor, como testes padronizados para avaliar a capacidade de leitura e conhecimentos matemáticos dos alunos da escola pública, como o SAEB, deixam evidente a dificuldade que o professor encontra para compreender todas essa politica e estratégias visto que muitas vezes não entendem a linguagem desses instrumentos. Soares (1997) aponta a discrepância entre o alfabetizador ideal, pressuposto nos documentos oficiais, e o alfabetizador real, que até a pouco, era formado em curso profissionalizante de nível médio ou em faculdade particulares de baixo prestigiam acadêmico, com pouca infraestrutura e sem condição de pesquisa.  
Embora exista um contexto de desvalorização do professor, é necessário entender os significados que os mesmos atribuem as suas práticas de letramento, professores alfabetizadores que provem de famílias que enfatizam o habito da leitura e escrita terá mais sucesso na escola e na vida profissional, visto que o letramento começa na família mesmo sendo provenientes de diferentes modos do uso da linguagem devido ao seu meio social e econômico.
  Podemos também considerar outra representação do professor que não seja apenas de mediador, mais sim de agente de letramento, embora todos possam ser considerados agente de letramento exercendo nossas ações no mundo, podendo partilhar e interagir com a coletividade no que diz respeito a tomadas de decisões, assim os indivíduos passam a ser “co-autores das experiências compartilhadas” formando uma identidade categorial que o individuo carrega de  uma situação para outra se apropriando de suas práticas de letramentos. Visto que o letramento é situado, local e diferenciado nem sempre a construção de uma identidade leitora esta baseada em um processo de letramento escolar, aprender a ler e a escrever é um processo de construção indenitária, perpassando uma concepção dialógica e interacionistas da linguagem,  assim podemos destacar os aspectos políticos do trabalho do professor como agente de letramento, apagando seu conceito de mediador, ultrapassando uma barreira social e fortalecendo os sujeitos que adotam as práticas da cultura escrita na vida social.


Palavras-chave: formação de professor, letramentos, educação básica, identidade.

Referência:

KLEIMAN, A. B.. Professores e agentes de letramento: identidade e posicionamento social. Filologia e Linguística Portuguesa, v. 8, p. 409-424, 2006.

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