LETRAMENTO E MODOS DE SER LETRADO: DISCUTINDO A BASE
TEÓRICO-METODOLÓGICA DE UM ESTUDO
Héllen Cristina
Araújo Rios¹
Obdália Ferraz²
O
objetivo do artigo é discutir a base teórica que investiga aspectos de como os
modos de ser letrado se constituem nos
diferentes espaços em que o sujeito atua. A pesquisa em questão foi realizada
com crianças de 4 e 5 anos de uma creche universitária, e tem como fundamentação
principal estudos da área da linguagem. Analisou a atuação
das crianças em eventos de letramento, em várias atividades que eram produzidas
ou entrelaçadas de algum modo pela escrita, no entanto, tais informações não
constam no artigo, por se tratar de uma discussão teórica. O estudo parte do
princípio de que a criança organiza a linguagem escrita por meio de um trabalho
contínuo de elaboração cognitiva, que se estrutura pelas interações sociais
orais da criança, considerando a significação que a escrita tem na sociedade, e
que faz parte do processo geral de constituição da linguagem. A autora aborda estudos que se cruzam, sobre a relação entre oralidade e
escrita, além de estudos que, por evidenciar uma visão dialógica e social da
linguagem, nos permitem compreender a concepção de letramento, fundamentada,
sobretudo, na teoria da enunciação de Bakhtin,
que ressalta a natureza social da situação de produção de discursos, principalmente
quando se trata de refletir sobre a participação nos espaços educativos na
construção do processo de letramento.
O objetivo é entender como teias discursivas
caracterizam os modos como pessoas se letram, nesse contexto, a linguagem, exerce
um papel fundador no processo de letramento, não só ao que se refere a
constituição da singularidade dos sujeitos, como também da construção das suas
marcas de pertencimento a determinados grupos. Ao considerar o importante papel
que a linguagem exerce na criação dos sujeitos nos processos de
alfabetização/letramento, são relevantes as contínuas reflexões e revisões nas
práticas de trabalho com a linguagem na escola, no intuito de que possam subsidiar
investigações que desencadeiem em uma teoria social da alfabetização e do
letramento. Nesse sentido, o estudo aponta a necessidade de unir as noções de
letramento, heteroglossia e hibridização, para que a condição letrada esteja,
pela linguagem, intimamente relacionada às linguagens sociais. Essa discussão é
muito pertinente no artigo, pois busca definir as diversas formas de um sujeito
ser letrado. Assim, a pesquisa entende que o trabalho com diferentes linguagens
sociais em que a inter-relação dos gêneros do discurso sejam experimentados ;
permitam circunstâncias nas quais a linguagem escrita proporcione as mais
variadas interações e envolvam os sujeitos em discussões e reflexões sobre a
própria linguagem, além de importante, só são possíveis a partir de múltiplas
atividades. Diante da perspectiva teórica discorrida, o ambiente escolar deve
se configurar como a agência de letramento que proporciona um espaço aberto
para outras vozes e dimensões do conhecimento, onde pretende-se alcançar um
entendimento minucioso sobre a função que a escola e a família desempenham no
processo de letramento.
Palavras-chave: letramento,
alfabetização, linguagem escrita.
Referência:
GOULART, Cecília. Letramento e modos de ser
letrado: discutindo a base teórico-metodológica de um estudo. Rev.
Bras. Educ., Dez 2006, vol.11, no.33, p.450-460.
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